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Continental vai reinventar a mobilidade na Circunvalação

Grupo germânico anuncia sétima empresa em Portugal. Quer contratar até 300 engenheiros “altamente qualificados” para centro de tecnologias no Porto.

Para a maioria dos condutores, Continental é sinónimo de marca de pneus. Para a indústria automóvel, porém, é sinónimo de empresa de engenharia. E o novo investimento que o grupo de Hanôver anunciou ontem, com a abertura de um centro de desenvolvimento de tecnologias no Porto, acentua o papel de Portugal no realinhamento dos negócios do grupo.

O plano é abrir em Portugal a Continental Engineering Services (CES), uma subsidiária do grupo que emprega 1800 pessoas em todo o mundo e que, no início de 2020, se vai instalar junto à Estrada Nacional 12 (mais conhecida como a Circunvalação), próximo do campus universitário da Asprela e da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Trata-se de um edifício já existente, que está neste momento a ser adaptado. Lá irão trabalhar até 300 engenheiros. A empresa não quis revelar o valor deste investimento.

​A nova unidade portuguesa do grupo vai concentrar-se nas áreas de veículos eléctricos, da condução autónoma e da cibersegurança. ​”Com esta empresa abrimos uma porta aos jovens licenciados em Portugal, pois todos os colaboradores da CES são altamente qualificados”, vinca o presidente da Continental Mabor, Pedro Carreira. “Acreditamos na qualidade dos engenheiros portugueses e estamos confiantes de que esta nova localização será o pilar no nosso sucesso no futuro”, comenta o director da CES, Jochen Diehm.

Em Julho, já se adivinhava que a decisão seria favorável aos interesses portugueses. Ralph Lauxmann, vice-presidente sénior do pelouro de Sistemas & Tecnologia, disse então ao PÚBLICO que a escolha seria Portugal. Mas a confirmação oficial ainda demorou quatro meses.

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Um teste na A2, em Hanôver: a condução autónoma é uma das áreas a ser trabalhadas pela Continental em Portugal FABIAN BIMMER/REUTERS/ARQUIVO

Nessa altura, o grupo chamou a Hanôver centenas de jornalistas de todo o mundo para mostrar a reinvenção em curso: o motor eléctrico para carros híbridos, com tecnologia de baixa voltagem (48 volts) e potência até 30kW; os postes inteligentes, destinados à iluminação pública, com sensores de medições diversos, incluindo sistemas de ajuda ao estacionamento; uma tecnologia com câmaras dianteiras e traseiras que torna os carros autónomos; o robo-táxi CUbE, 100% autónomo, cujo protótipo vem de 2017, para aliviar os centros urbanos.

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O robo-táxi CUbE DR

​Ralph Lauxmann resumiu o esforço do grupo, que identificou mais de 200 tendências para a mobilidade do futuro, com o factor humano no centro. Isso foi visível no assistente virtual para pôr fim aos ângulos mortos nas mudanças de direcção, que foi apresentado então. Trata-se de um sistema de radares que detecta o ambiente em redor do carro a 360º. Caso o condutor pretenda virar à direita, e o sensor capte um obstáculo ou um peão em movimento, por exemplo, o carro trava automaticamente para evitar um choque ou atropelamento.

Agora, são tecnologias como estas que o grupo alemão quer trabalhar também em Portugal, onde já detém seis empresas, com mais de 3000 trabalhadores. A maioria destes está na fábrica de Famalicão, que produziu quase 18 milhões de pneus em 2018. Lousado representa cerca de 65% das receitas do grupo em Portugal. O que contrasta com as receitas do grupo no seu todo: os pneus são “apenas” 25% do volume de negócios mundial de 44 mil milhões de euros(cerca de um quinto do PIB português).

Por isso mesmo, a garantia de que a 21.ª localização da CES será portuguesa é também considerada “mais um passo significativo do que tem sido a estratégia dos últimos anos, a de trazer para Portugal outras áreas de negócio do grupo Continental, tal como esta”, frisa Pedro Carreira.

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O grupo emprega mais de 240 mil pessoas em todo o mundo, produzindo quase 18 milhões de pneus em Famalicão FABIAN BIMMER/REUTERS/ARQUIVO

É também uma boa notícia vinda de uma Alemanha que pode confirmar hoje ter caído numa recessão económica. E é duplamente boa notícia porque envolve um gigante industrial que em Julho até baixou as expectativas dos investidores. Nessa altura, Hanôver cortou até dois mil milhões de euros na receita esperada em 2019, devido à desaceleração do sector automóvel mundial. Mas nem isso parece ter travado a vontade de investir em Portugal.

Em Junho de 2019, o grupo tinha anunciado outro investimento de 100 milhões de euros, para ampliar a produção em Famalicão. Um esforço para construir novas instalações e criar mais de 100 novos postos de trabalho de modo a aumentar o portefólio de pneus especiais pesados made in Lousado.

Segundo contas do próprio grupo germânico, que cumprirá 150 anos em 2021 e emprega mais de 243 mil pessoas em todo o mundo, o investimento total em Portugal desde 1990 ultrapassa os 820 milhões de euros.

Fonte: Público

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