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Para diminuir as emissões de CO2, eletrificar o automóvel não é suficiente

Descarbonização é a palavra chave para a estratégia de sustentabilidade da Volkswagen, mas é preciso mais do que apenas eletrificar o automóvel.

Para os que acham que basta eletrificar o automóvel para resolver, ou pelo menos atenuar expressivamente, o problema que são as emissões de dióxido de carbono (CO2), estão enganados. Este não é um problema de resolução rápida ou simples — temos de olhar para o sistema como um todo e não apenas fixar-nos numa só fase da cadeia de valores do automóvel.

Escrutinar fase a fase essa cadeia de valores e encontrar soluções de eliminação ou redução de emissões é a única forma de atingir os objetivos determinados nos Acordos de Paris para uma sociedade neutra em emissões de carbono em 2050.

Descarbonização

Descarbonização significa isso mesmo, retirar ou reduzir emissões de CO2. É a palavra-chave para a estratégia de sustentabilidade da Volkswagen e uma palavra que certamente vamos passar a ouvir muitas mais vezes.

O problema do CO2 é o maior desafio global.

Michael Jost, Chefe de Estratégia Volkswagen

De forma mais precisa, descarbonização é a conversão para um novo sistema económico que reduz e compensa de forma sustentável as emissões de CO2. Todos têm de contribuir para este objetivo de uma sociedade neutra em carbono, e a indústria automóvel tem obrigatoriamente de contribuir — 14% de todas as emissões de gases de efeito de estufa provém dos transportes rodoviários.

A Volkswagen também está a responder ao desafio.

Volkswagen ID.3

A face mais visível dessa resposta tem sido um “all-in” na mobilidade elétrica. Desde 2016 que a Volkswagen nos tem revelado os membros de uma nova família de modelos 100% elétricos, identificados pela sigla ID. — para já apenas como protótipos de salão, mas a chegada do primeiro modelo de produção, o ID.3, é já em 2020.  Um carro que a Volkswagen espera vir a ter um papel determinante não só para si, como para a indústria, como o tiveram o “Carocha” (Typ 1) e o Golf.

Após o ID.3 surgirão, em rápida sucessão, mais membros desta família, nomeadamente, as versões de produção do ID. Crozz, ID. Buzz e do ID. Vizzion — em 2025, a expectativa da Volkswagen é de vender um milhão de veículos elétricos por ano.

Será suficiente?

As emissões de CO2 têm de ser combatidas desde o início

Esta nova família ID. de automóveis elétricos são apenas parte da solução. Como é sabido, o carro elétrico é apenas tão limpo como a energia que necessita para o construirmos e carregá-lo.

Deste modo, a Volkswagen está a analisar todo o ciclo de vida do automóvel, desde os materiais que necessita, à produção dos componentes e do carro em si, ao seu uso e, muito importante, ao que lhe acontece após o seu fim de vida útil.

Volkswagen ID.3

A produção de células [de baterias], em particular, é ainda muito intensiva no uso de energia, e carregar carros com eletricidade gerada por centrais a carvão é um fardo para o equilíbrio geral do meio-ambiente.

Volkswagen

Assim, o primeiro modelo desta nova família de carros elétricos, o ID.3 será um pioneiro na Volkswagen — o primeiro a ser neutro em emissões de carbono ao longo de todo o seu ciclo de vida. Só na fase de produção, a Volkswagen espera poupanças na ordem de um milhão de toneladas de CO2 por ano — mais ou menos o impacto gerado por uma central a carvão que forneça eletricidade a 300 mil habitações.

Volkswagen ID.3
Volkswagen ID.3 — O caminho para a neutralidade carbónica.

Para o conseguir, a Volkswagen irá recorrer a energias renováveis para produzir as baterias na Europa, assim como para a produção do ID.3 em Zwickau — o esforço da marca alemã vai até aos próprios fornecedores e na forma como os materiais base são produzidos.

Apesar do esforço, não será possível eliminar todas as fontes de emissões de gases de estufa na fase de produção. Estas serão compensadas por investimentos em projetos climáticos certificados.

Na fase de uso, algo bem mais difícil de controlar, a Volkswagen apenas pode deixar recomendações, como apenas usar eletricidade de fontes renováveis — seja através da sua subsidiária Elli, que já oferece eletricidade de fontes renováveis; seja através da IONITY, a rede de carregamento rápida da qual a Volkswagen faz parte, e que terá em 2020 cerca de 400 estações de carregamento.

Volkswagen Fábrica Zwickau

A fase final, a que implica a reciclagem do carro, gera mais oportunidades para reduzir as emissões de CO2.

Em Salzgitter, a Volkswagen está a construir uma fábrica-piloto dedicada apenas e só à reciclagem. Lá será obtido das baterias em fim de vida, aquelas que já não conseguem armazenar energia suficiente devido à sua idade, um novo material (pó preto) para os cátodos de novas baterias — uma redução potencial de 25% nas emissões de CO2.

No entanto, a reciclagem das baterias a uma escala industrial é um desenvolvimento ainda à espera de acontecer, estimando-se que tal aconteça no final da próxima década.

Índice de descarbonização

Como saber de que forma é que o processo de descarbonização está a evoluir? É necessário medi-lo, e para tal, o Grupo Volkswagen recorre a um índice de descarbonização (DKI) para medir o quanto é que efetivamente está a reduzir nas emissões. O DKI mede as emissões de CO2 (em toneladas) de um veículo médio do Grupo Volkswagen em todo o seu ciclo de vida — produção, uso e reciclagem.

A Volkswagen tem como meta reduzir as emissões de CO2 até 2025 em 30%, relativamente a 2015. Em 2015, e recorrendo ao DKI, esse valor situava-se nas 43,6 t de CO2 por veículo, pelo que 30% a menos em 2025 representará uma descida de 13 t de CO2 por veículo ao longo do seu ciclo de vida.

Fonte: Razão Automóvel

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