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AFIA contesta números de OIT

A indústria de componentes automóveis é um dos setores mais relevantes do país, criando empregos qualificados, estáveis e com remunerações acima da média

No seguimento do estudo apresentado ontem pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) a AFIA – Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel sente-se no dever de contestar os números apresentados em relação à indústria automóvel, uma vez que não foram considerados os valores da indústria de componentes automóveis em Portugal, e que constitui um dos setores industriais mais relevantes para o país. Além disso, assim que a AFIA teve conhecimento da base de dados a trabalhar pela OIT forneceu também os CAES das empresas associadas que, não foram tidas em consideração.

Como representante nacional e internacional dos fornecedores de componentes para a indústria automóvel, a AFIA agrega 350 empresas, com um volume de emprego direto na ordem das 61.000 pessoas, faturando 10,7 mil milhões de euros (2021), com uma quota de exportação superior a 80%. É importante reter que a indústria de componentes automóveis cria empregos estáveis, qualificados e com remuneração acima da média, situação que claramente não foi abordada neste estudo, criando uma imagem do setor que não corresponde à realidade.

É também importante salientar que um estudo desta dimensão e realizado por uma entidade como a OIT tem um impacto muito significativo em termos nacionais e internacionais, passando a ser divulgado como uma referência global. Tendo a AFIA, inclusive, disponibilizado estudos sobre o cluster, onde se mostra uma indústria automóvel competitiva e de grande valor internacional, é inaceitável que sofra um ataque desta dimensão, criado por um erro de análise, mostrando uma imagem de um setor sem dimensão tecnológica e sem preparação para enfrentar os desafios que se aproximam.

O estudo apresentado pela OIT está focado, exclusivamente, no CAE 29 que se refere à “Fabricação de veículos automóveis, reboques, semi-reboques e componentes para veículos automóveis”, deixando de fora produtos ou componentes como sistemas de navegação, antenas, infontainment, pneus, cabos elétricos, sistemas de fechaduras, revestimentos têxteis (estofos e revestimentos interiores), peças técnicas em plásticos, peças técnicas em borracha, entre outras.

Daí que, avaliar a indústria automóvel apenas baseada no código da atividade económica é muito redutor e não representativa do setor, deixando de fora uma parte muito significativa das empresas. Aliás, e pelo exposto acima, a indústria de componentes automóveis está claramente subavaliada nas estatísticas oficiais, Instituto Nacional de Estatística e Banco de Portugal.

É mesmo importante referir e destacar alguns pontos que mostram um setor bem diferente do apresentado no estudo da OIT. Aliás, entre 2015 e 2022 a indústria transformadora criou 52.500 novos postos de trabalho, sendo que 27% dos novos empregos foram gerados pela indústria de componentes.

Em média, a indústria de componentes para automóveis remunera os seus trabalhadores 13% acima do verificado na indústria transformadora. No se refere à produtividade, o trabalho na indústria de componentes para automóveis é 28% superior à média da indústria transformadora.

E, em termos de investimentos, entre 2015 e 2020, a indústria de componentes para automóveis investiu 4,3 mil milhões de euros, ou seja, 16,8% do total de investimento da indústria transformadora.

Refira-se ainda que a performance em 2020 e 2021 continuou a evidenciar a força da Indústria Portuguesa de Componentes Automóveis. Esta performance, muito acima da taxa de crescimento da indústria automóvel europeia, demonstra um aumento de penetração e ganho de quota de mercado dos componentes portugueses. Tal desempenho só é possível pela resiliência, competência e fiabilidade continuadamente demonstradas pela indústria junto dos clientes internacionais. Note-se que 98% dos carros produzidos na Europa têm pelo menos um componente fabricado em Portugal.

Com a Indústria de Componentes Automóveis a revelar um desempenho, claramente, acima da produção automóvel na Europa, este é um setor em contínua expansão «sobretudo através do dinamismo das unidades instaladas, que consigo arrastam um conjunto alargado de subfornecedores, é ainda um sector que investiga, que realiza parcerias com inúmeras universidades de engenharia portuguesas e que apresenta elevadas taxas de formação dos seus ativos, com um inequívoco aumento dos conhecimentos e sua realização profissional», refere José Couto, presidente da AFIA.

E, sendo a compilação e disseminação das informações setoriais e dados estatísticos, para uma melhor defesa dos interesses dos fornecedores da indústria automóvel, uma das atividades da AFIA, «mostramo-nos disponíveis para dialogar com o Governo, com a OIT e com os organismos públicos de forma a promover um conhecimento mais aprofundado desta importante indústria e o seu real contributo para a economia nacional, que deverá ser tido como estratégico e determinante no tecidos industrial português», acrescenta José Couto.

Fonte: Jornal das Oficinas

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